LONDON CALLING | PASSE O DIA COM CARL MARX


O London Calling está de volta e desta vez com uma proposta um tanto macabra: cemitérios de Londres.

Tópico bizarro? Os cemitérios poderão não ser os alvos turísticos mais óbvios, mas não só o ...And This is Reality não é um blogue qualquer, como tão pouco Londres é uma cidade igual às outras.


Muita da história fascinante desta cidade está escrita e poderá ser encontrada entre tumbas e catacumbas. Estas autênticas "cidades de mortos" são um reflexo da narrativa económica e social de Londres e constituem, em si próprias, tesouros que revelam histórias fascinantes e estranhas, cortesia dos seus silenciosos e permanentes habitantes.

Entre cemitérios cristãos, judeus e muçulmanos, poderá encontrar a última morada de personalidades históricas, muitas delas surpreendemente eternamente ligadas a Londres, devido a complexas voltas do destino. A lista é vasta, mas podemos desde já adiantar algumas sugestões.


Destinos obrigatórios no centro de Londres, onde várias personalidades históricas estão enterradas, são o The Actor’s Church Cemetery com os restos mortais de Charlie Chaplin e Boris Karloff, maestro do horror; St. Paul’s Cathedral com Horatio Nelson; a Torre de Londres onde a infeliz Ana Bolena encontrou a última nota do seu derradeiro fado; e por fim a Abadia de Westminster que "alberga" Sir Isaac Newton, Charles Darwin, Henry Purcell entre muitos outros.


No entanto, nós aconcelhamos vivamente a aventurar-se para além do círculo turístico de Londres onde poderá encontrar cemitérios que, não só não aparecem nos guias desta cidade, como também guardam em si segredos outrora só revelados aos habitantes locais. Entre eles encontram-se o Golders Green Crematorium onde poderá encontrar a última morada de Sigmund Freud (pai da psicanalise), Anna Pavlova (bailarina), Peter Sellers (comediante e actor) e Bram Stoker (sim... o autor de "Drácula"); o West Cemetery com o túmulo de Carl Marx (nem sequer necessita de apresentações) e o cemitério de Old Sephardi onde se encontram enterrados Antonio Carvajal, considerado como o fundador da comunidade judia de Londres e Dr. Fernando Mendes, médico de D. Joao IV, rei de Portugal.


Mas não só: estes espaços têm, ao longo dos tempos, ganho um tipo de interesse diferente graças à sua estranha beleza, tranquilidade e sensação de paz. Outrora somente dedicados ao derradeiro ritual tabú da Morte, estão actualemente a revelar-se como espaços públicos aptos para vários tipos de usos e interesses, que não se revestem desta vertente lúgubre: enquanto uma grande parte dos cemitérios em Londres se transformou em autênticos jardins alternativos seculares, esquecidos há muito pelo reboliço da cidade, onde árvores centenárias foram autorizadas a envelhecer, outros tantos encontraram papéis diferentes como lugares ideais para exposições de arte. E não se admire se durante a sua visita encontrar pessoas a fazer jogging, picnics, ler livros ou mesmo a dormir por entre as tumbas e pedras funerárias.


Quanto a questões de seguranca, não há razões de preocupação: os habitantes destas cidades de mortos são conhecidos pela sua ... diga-mos... natureza plácida.

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