FOTOS_ Filipe Ferreira
Inaugurou na passada 5ª feira uma exposição bem curiosa e com bastante qualidade: "Lá vai Ela, Formosa e Segura - Scooters da Colecção João Seixas".
Iniciativa do MUDE, sem dúvida uma das estrelas mais cintilantes da museologia contemporânea nacional, esta exposição traz a público, com uma abordagem inovadora e abrangente, uma das mais desconhecidas e mais fascinantes colecções privadas nacionais: a Colecção de Scooters de João Seixas.
Coleccionador de longa data deste tipo de motorizadas, João Seixas atribui este seu gosto peculiar a ter sempre vivido no centro de figuras proeminentes do Design nacional. É por isso que "quando comecei a procurar e coleccionar motas antigas, logo que me apareceram as scooters, que não Vespas, fiquei sensível e interessei-me mais pelo seu design e cor, não tanto pela sua mecânica", como declara no catálogo da exposição (em si mesmo uma peça de inventário excelente diga-se).
Assim esta exposição, organizada em vários núcleos, apresenta um dos maiores ícones do design século XX e do triunfo da mobilidade, num contexto de moda e design, cuja beleza e inspiração (muito graças ao contraponto feito com a moda, mas também muito gragas ao excelente projecto expositivo assinado por Frederico Valsassina) impressionam não só os amantes deste tipo de motorizadas mas todos aqueles que por lá passam.
Com o cuidade didáctico de apresentar as várias épocas de scooters pelos seus mais emblemáticos modelos, a exposição organiza-se em vários núcleos. O primeiro é logo à entrada (desde a porta de entrada no Museu até passar para o grande espaço expositivo) e ilustra as origens das Scooters e apresenta o conceito de Scooter - a palavra tem origem na palavra inglesa "Scoot", significando deslocar-se rapidamente.
A segunda área da exposição, dedicada à década de 50, é onde se encontram as Scooters Francesas, que surgem logo no pós guerra e que, conjuntamente com a eclusão do fenómeno da Haut Couture francesa (e o surgimento das grandes casas, como a Givenchi, Balmain ou Blenciaga, expostos junto a este núcleo), tornam este modelo de mota popular e trendy.
Logo a seguir há um outro grande segmento da exposição dedicado às grandes e pesadas, mas imponentes e impressionantes scooters alemãs. Fruto de uma indústria pesada instalada que vinha de uma segunda grande guerra, estas motas começam a evidenciar uma nova forma de locomoção ligeira, mas com formas e design ainda bastante pesados, mas que foram aligeirando ao longo dos tempos. São os anos 60 e todo o festival de formas e cores.
Outro núcleo são as de 50 cc. Mais raras, um pouco menos apreciadas, mas mais veloses e, como tal, menos seguras e mais caras, estas motos atravessam todos os tempos e assumem-se como um tipo de Scooter à parte.
Mas antes do grande final, um dos grandes momentos da exposição: as Scooters Italianas. Com todo o surgimento da massificação do consumo de moda, de design e de automoveis e motas nos anos 70, as Scooters italianas, e muito especialmente as famosas Lambrettas, reinam mesmo antes de se descer ao piso do museu e encontrar o núcleo mais esperado da exposição.
Transversal, impressionante e mítico, este núcleo de Vespas encerra a exposição, já em pleno centro da exposição do núcleo mais fixo do MUDE.
Pela originalidade da montagem e do conceito da exposição, pela qualidade e extensão da colecção, pelo impressionante bom estado de consevação dos modelos e pela dificuldade em ver um tão grande número de modelos de Scooters, em contexto de design e de moda, esta é sem dúvida uma das exposições a não perder.