23.00
Depois de um jantar bastante sofisticado, de cozinha que mistuava a tradicional Cajum com a cozinha internacional, voltamos ao hotel, preparamos as malas, pois está por pouco tempo a nossa partida destas terras ... e uma mala com tantas compras é difícil de fazer.
Amanhã voltamos a nossa atenção para as atracções mais conhecidas desta cidade.
19.00 - O FAMOSO FRENCH QUARTER
O calor continua intenso, a humidade elevada e a tarde começa a dar lugar à noite: é neste cenário que decidimos entrar no French Quarter (onde se situa o nosso hotel ... mas dos hotéis falaremos mais tarde também ... já no próximo fim-de-semana) e visitar atentamente duas das ruas principais: Royal Street e Bourbon Street.
Já tínhamos passado por ambas, mas desta vez decidimos olhar e visitá-las mais atentamente.
Os contrastes são o que mais ressalta: enquanto que Royal Street é povoada por antiquários replectos de peças que inspiram os antigos tempos gloriosos das plantações, por galerias que exibem fotografias clássicas de uma herança social e cultural rica (ou não fosse esta cidade berço de duas músicas importantes na história da Música contemporânea - Jazz e Blues), por lojas de roupa vintage e nova requintadas e sofisticadas e restaurantes e pequenos cafés e bares calmos, que exalam música Jazz e charme; Bourbon Street é o oposto, cheia das suas "sex shops", bares de qualidade (e reputação, diga-se) duvidosa, artistas de rua ruidosos e neons caóticos e que transformam esta numa babilónia constante e curiosamente atractiva.
É um primeiro olhar atento sobre o famoso French Quarter forte e cheio de contrastes!
16.00 - UM ELÉCTRICO CHAMADO DESEJO
Depois de um almoço bastante típico de Nova Orleães (uns Po-Boys ... mas das comidas falaremos com maior detalhe, já no próximo fim-de-semana), caminhamos até Canal Street com Bourbon Street (famosa pelos seus clubes de sexo e de jazz ... e com razão, pois os neons são muitos e diversificados) para apanhar o eléctrico que inspirou Tenessee Williams a escrever a sua obra prima - o Eléctrico de St Charles Av.
O percurso deste centenário transporte público leva-nos desde a fronteira do turístico French Quarter até aos mairros de Up Town, passando pelo Green District e pelas suas impressionantes e convidativas casas.
Uma nova cidade passa à velocidade tranquila do Eléctrico e maravilha incessantemente a cada rua que passa.
Depois deste passeio surge a ideia: se este eléctrico inspirou a peça "Um Eléctrico Chyamado Desejo" ... é porque é difícil não desejar pelo menos uma das casas que vemos no percurso!
13.30 - O OUTRO LADO DE NOVA ORLEÃES
Depois de entregarmos o carro na Rent a Car, decidimos voltar de autocarro para o centro da cidade ... foi um rápido e muito brusco descer à dura realidade do lado mais pobre e feito da Nova Orleães contemporânea.
Os arredores pobres e desorganizados, degradados e feios, agressivos e urbanisticamente marginalizados, passam do outro lado das janelas do autocarro, enquanto as pessoas entram e saem do autocarro. A realidade de uma cidade contemporânea menos feliz do que o conto de fadas do passado das gloriosas plantações, é chocante.
Mais chocante perceber que esta cidade e estas pessoas, há apenas cinco anos (faz dentro de dois dias cinco anos) que tiveram um desastre tão grande como a destruíção de grande parte da cidade. Os vestígios ainda se notam nas zonas menos turísticas, mas o mais evidente é o empobrecimento geral da população de Nova Orleães. Os mais ricos foram embora ... só ficou quem não podia, ou tinha recursos para sair!
Chegados ao centro encaminhamo-nos a pé para Canal Street. A famosa artéria da cidade conjuga no seu ambiente um misto de nostalgia de antigos tempos gloriosos (muito a lembrar de alguns bairros de Havana, até pelo calor e humidade que se faz sentir), com a babilónia e a desqualificação comercial do Martim Moniz de Lisboa, e o caos urbanistico e arquitectónico de algumas zonas da costa algarvia. Descrito desta forma até parece mau ... mas aqui tem a sua piada e coerência
11.30 - NOVA ORLEÃES A PÉROLA DO SUL
Acordados cedo, alojados em pleno coração de Nova orleães e descansados por termos chegado ao final da nossa maratona de estrada, vamos ainda aproveitar a manhã para sairmos da cidade e visitar duas plantações: Laura e Oak Valey.
A umas 75 milhas a Oeste de Nova Orleães, ao final de várias estradas pelo meio de pantanos, floresta semi tropical e campos infindáveis de cana de açúcar, chegamos a uma estrada que acompanha um dos famosos diques do Mississipi - a Laura Plantation é para a direita e a Oak Valley Plantation é para a Esquerda.
Começamos pela Laura e deparamo-nos com uma maravilhosa casa de Madeira ao fundo de uma explendida alameda de carvalhos. Tudo o que pudessemos imaginar sobre uma casa de uma plantação está perante nós. Depois de uma breve paragem, seguinos para Oak Valley Plantation.
Assim que começam as vedações de madeira pintada de branco a surgir do nosso lado esquerdo (do nosso lado direito está o dique e para lá dele, o rio Mississipi), percebemos que estamos a chegar a uma das grandes casas de plantação do Sul. Poucos metros à frente o cenário de filme é realidade!
Esta grandiosa casa, de estilo Revivalista Grego situa-se ao fundo de uma majestosa alameda ladeada de 38 carvalhos centenários. Esta casa foi cenário de vários filmes e é uma das mais impecávies e intocadas realidades das plantações de açucar do estado do Louisiana ("as plantações de algodão são mais a norte no estado e essencialmente no estado do mississipi, pois aqui em baixo, a humidade apodrece a flor da planta" explicou-nos a guia da visita guiada à mansão).
Esta é uma manhã única, e que valeu a pena, pois correspondeu a todas as expectativas. Assim se começou a formar a excelente imagem da "Pérola do Sul" (como era conhecida aq cidade no século XIX, segundo nos explicou a nossa guia na plantação).
Depois desta experiência única, entregamos o carro no aeroporto e voltamos à cidade para almoçar.
Quase à meia-noite e depois de oito horas contínuas de estrada (com duas paragens para abastecimento) e dois estados atravessados (Alabama e Mississipi) chegamos ao Louisiana e a Nova Orleães.
O nosso destino final foi alcançado e vamos agora descansar, para amonhã começarmos as nossas visitas aqui a este destino final e dar a conhecer os melhores aspectos da cultura do Sul.
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