Conforme o prometido cá estamos a relatar todos os detalhes da nossa viagem À Conquista de Paris.
O dia começou cedo e em direcção ao ponto onde acabámos ontem - aos Grands Boulvards. A primeira paragem foi nas míticas Galleries Lafayette. O mais emblemático dos armazéns parisienses foi a primeira paragem do dia. Chic, fervilhante e com muito glamour parisiense, estes grandes armazéns são paragem obrigatória.
Depois de uma primeira incursão no mundo das compras parisienses (à qual resistimos por ainda ser muito cedo e como tal implicar carregar com elas o resto do dia), seguimos para um dos edifícios mais emblemáticos da Cidade da Luz - Opera Garnier.
O edifício projectado pelo genial arquitecto Charles Garnier, é o centro da famosa zona parisiense projectada pelo Barão Haussman sobre as ordens de Napoleão III. Com um estilo muito próprio, esta é a Ópera clássica de Paris e foi inspiração para várias das famosas histórias parisienses. A mais famosa é talvez o musical "Fantasma da Ópera".
De um luxo arquitectónico passamos a outro luxo (arquitectónico e não só) - a exclusiva e muito sofisticada Place Vandôme.
É talvez a praça parisiense que melhor reflecte o estilo da cidade - clássico, luxuoso e com uma monumentalidade neoclássica. Nesta praça, para além do mítico Hotel Ritz, estão as principais lojas de alta joalheria da cidade. Chanel, Dior, Cartier, Van Cleef & Arpels, Chaumet são apenas algumas das marcas que preenchem todo o piso térreo da praça. O espectáculo das montras ... esse é brilhante!
Rumamos à vizinha Rue de Saint Honoré. A clássica rua da moda parisiense, há alguns anos um pouco fora de moda, está agora a renovar-se a olhos vistos.
O ponto essencial desta renovação trendy de Saint Honoré é a mais famosa Concept Store do momento - a Colette. Esta loja situada no nº 213, junta roupa, acessórios, comida, gadgets, música, livros e objectos de culto por baixo de um dos conceitos mais bem conseguidos da cultura urbana. Tudo faz sentido, tudo contribui para um lifestyle moderno e edgy, tudo tem a garantia de ser trendy como só a Colette consegue. É verdadeiramente um novo templo da cultura urbana contemporânea mundial!
Da cultura contemporânea ao grande templo da cultura clássica foi um instante - o Louvre.
O maior Museu do Mundo continua a ter uma adesão do público e uma magia e encanto, como só as grandes instituições conseguem. Nesta que é a cidade do mundo com mais museus, este é o centro desta actividade museológica. Deixamos-lhe aqui uma dica - a entrada da Pirâmide tem normalmente uma grande fila para entrar, mas se se dirigir à Rue de Rivoli (nº 99), entra para o Carroussel du Louvre e a entrada deste centro comercial para o Museu, normalmente não tem quase ninguém. Para passar pela própria da pirâmide passa à saída (sem esperas, claro).
É impossível ambicionar a ver o museu, mas o que fizemos e propomos é um passeio por entre as galerias e deter-nos em frente de algumas das obras mais emblemáticas da heranca cultural ocidental. Há paragens obrigatórias como sejam o Escriba Sentado, a Venus do Milo, a Vitória de Samotrácia, a Gioconda, a Coroação de Napoleão ou o retracto de Gabrielle d'Estrées e sua irmã. Todas obras cujo papel de relevo na nossa identidade cultural universal é inquestionável ... e à distância de uns corredores e galerias. É obrigatório!
No final da visita (já perto das três horas), decidimos parar para comer algo num dos segredos mais bem guardados deste Museu - o Café Richelieu.
Situado no primeiro andar da ala do mesmo nome, este espaço tem o dedo do famoso arquitecto Jean-Michel Wilmotte, sobreposto a umas salas clássicas do antigo palácio real. Apesar dos magníficos tectos trabalhados, a modernidade é absoluta e acompanha uma cozinha simples mas requintada. Isto foi o que nos "permitimos" nesta primeira pausa do dia. A recomendação de menu que deixamos é a Salada Campagnarde (o presunto era excepcional e o queijo verdadeiramente divino).
Do Louvre saímos em direcção ao famoso Sena e caminhamos pelos cais. Não podemos deixar de pensar que a Primavera (que pelo sol que estamos a apanhar, já chegou a Paris) torna esta maravilhosa cidade ainda mais mágica.
Depois de Paris dos Grands Boulevards (que conquistámos com as Galleries Lafayette), de Paris Capital da Moda (cujo expoente da Place Vendôme e da Rue de Saint Honoré nos deram esse ambiente), de Paris a Capital dos Museus (onde a visita ao Louvre nos deixou conquistados) vamos até à Paris Cidade Capital do Romance.
Assim rumamos à mítica Pont des Arts. Aqui os casais mais apaixonados tradicionalmente beijam-se e a atmosfera situa-se entre o romance e a boémia artística. Chamou-nos a atenção uma iniciativa bastante curiosa: esta ponte de ferro tem nas suas grades das quardas um sem número de declarações de amor ... escritas em cadeados! Cada casal que queira deixar a sua marca na clássica ponte dos namorados em Paris (assim como quem declara escrito numa árvore o seu amor), pode prender um cadeado com os seus dois nomes nas guardas da ponte. A instalação é surpreendente, divertida, forte e simples de apreender ... e bastante popular, a julgar pela quantidade de cadeados!
Gostámos e atravessamos para a famosa e também muito romântica Rive Gauche. Ao longo dos cais da Rive Gauche estão os famosos Bouquinistes Parisienses (ou alfarrabistas, em português).
Poucos sabem, mas estes três quilómetros de cais onde os Bouquinistes se concentram, com as suas caixas verdes empoleiradas nos muros (recheadas de livros antigos, selos, postais curiosos ou gravuras) estão classificados pela Unesco como Património Cultural da Humanidade.
Depois de espreitar algumas caixas de "Bouquiniste", continuamos para dentro e perdemo-nos no também muito romântico bairro de Saint Germain des Prés. Centro da vida cultural, artística e comercial da Rive Gauche, é aqui que nos damos mais algum tempo para umas pequenas compras. Todas as grandes marcas têm lojas na zona, por isso o difícil vai ser escolher.
Deixamos uma indicação - na Rue Bonaparte, nº 35, está a loja da editora de livros de culto Assouline. Dedicada apenas a livros de Moda e de Arte (os dois temas do dia de hoje), aqui encontram-se absolutas obras de arte editoriais. Num ambiente único e que cruza o inesperado com o extremo bom-gosto os exemplares de colecção sucedem-se diante dos olhos dos visitantes. Não se esperem preços baixos (há mesmo exemplares de livros que custam cerca de 5.000,00 €), mas o espectáculo visual e a paixão pelos livros ... fazem deste um ponto de romaria para os nossos leitores!
Por fim vamos até um dos locais mais tentadores da zona - a Maison Georges Larnicol.
Conforme o anunciam à porta, esta é a melhor fábrica de chocolate, de pequenos bolos secos e de biscoitos de França. É um local doce, de maravilha para o olhar, para o cheiro e, essencialmente, para o paladar. As cores do chocolate, o excelente aspecto dos (agora) muito na moda Macarrons e o cheiro guloso dos biscoitos acabados de fazer, invadem os sentidos. Não se recomenda este roteiro para quem esteja em dieta ... pois não há como resistir ... mas vale a pena!
Depois de deixar as compras feitas e de um pequeno restabelecer de energias no hotel, voltamos a sair então para o Jantar. Desta vez vamos até à Rue Montorgueil, onde jantámos no bistrot típico "Aux Trois Petits Cochons". Aqui encontrámos um ambiente muito agradável e caseiro, francês (não havia um único estrangeiro, para além de nós) e com uma cozinha bem condimentada.
Muito ao estilo da famosa cozinha francesa tradicional, pedimos um menu completo - para entrada um Petit Gâteau de Figado de Ganso, ao que se seguiu um Quisado de Vaca em Vinho de Bordéus acompanhado de batatas baby e para encerrar um Vacherin Glacé recheado de Gelado de Baunilha e cobertura de morangos caramelizados. Tudo foi acompanhado com um vinho branco da região do Loire fresco e aromático - Sancerre 2010.
Finalizado tal (imenso e completo) repasto, e antes de acabarmos o dia dedicado ao Paris Clássico, ainda faltavam dois símbolos grandes desta cidade. Por isso não resistimos a um pequeno passeio nocturno que nos levou em direcção ao vizinho Marais onde reinava toda a habitual animação nocturna.
Apesar da leve mas insistente chuva que teimava em cair continuámos em direcção ao Sena e detivémo-nos a contemplar o magestoso Hôtel de Ville. A Câmara Municipal parisiense é um dos edifícios mais imponentes da capital francesa. Símbolo da sede do poder da maior cidade do país, e uma das mais mágicas e famosas cidades do mundo, este Hôtel (como lhe chamam os locais) é um símbolo de poder e da monumentalidade que domina toda a cidade.
Mas o nosso destino final deste passeio nocturno foi outro: a casa do famoso corcunda parisiense - a Notre Dame.
Magestosa, dominante da paisagem, magnificamente iluminada e de uma presença esmagadora, a catedral que sobreviveu a muitas coroações e revoluções, a vários regimes e modas religiosas e arquitectónicas, foi o encerrar perfeito do primeiro dia em que nos dedicámos a conquistar o Paris Clássico. Foi um dia em que andámos muito, visitámos bastante e confirmámos uma ideia - esta é de facto uma cidade mágica!
Amanhã a magia continua ... em versão moderna ... absolutamente a não perder!