No princípio deste ano a Samsung lançou um projecto muito peculiar: o Movimento SIM (que aliás temos a certeza que todos os nossos leitores já ouviram falar aqui pelo … And This is Reality). Chegámos finalmente ao teu esperado anúncio do vencedor.
O que nos traz ao Reality Profile deste mês, e com uma peculiaridade que se observa pela primeira vez… um duplo Reality Profile!
Pois é… assim que soubemos que o Prémio SIM já tinha o seu vencedor, ou neste caso, vencedores, fomos conhecer um pouco mais desta dupla merecedora de tal prémio e claro, do seu projecto vencedor.
Os seus nomes são Dulcineia Neves dos Santos de 30 anos e Pedro Bandeira de 40. Os dois licenciados na Faculdade de Arquitectura da Faculdade do Porto, a cidade onde ainda vivem e que não trocavam … a não ser talvez por Paris.
Os dois bem Portugueses, têm o gosto pela fotografia em comum. Entre os dois gostam de um agradável serão no Cinema Passos Manuel, ou simplesmente a ler um romance. Gostam das fotografias de Luigi Ghirri em"La Carte dÁprès Nature, de ler coisa de Martin Amis ou o hilariante "Matteo perdeu o emprego" de Gonçalo M. Tavares, de ouvir Sonic Youth - Strokes- Luigi Nono, Gustav Mahler, Sonny Rollins ou Moderat (dependendo para onde está o humor) ou do filme Gerry, de Gus Van Sant.
Contem-nos como a arquitectura entrou nas vossas vidas... um sonho de pequeno? Ou um amor descoberto com a vida?
Dulcineia - A arquitectura é na verdade um amor que fui descobrindo com a vida e que me fez deixar muitos outros amores para trás.
Pedro - A arquitectura aparece na minha vida um pouco acidentalmente, assim como quase todas as coisas boas que me aconteceram até hoje.
Falando do projecto SIM. Quando é que decidiram participar?
bem... ambos vimos o postal que anunciava o concurso no Passos Manuel no Porto. Passamos a noite a fazer rolinhos com o papel e a falar com amigos a noite toda. No entanto, no dia seguinte o papelinho ainda estava no bolso de trás das nossas calças. Mais tarde, em Agosto, numa discussão viva, a caminho entre Zermatt e Basileia, acordamos que este seria o projecto ideal para concorrer ao Prémio Sim, .
Já agora pode-nos falar um pouco da Casa Girassol?
A Casa Girassol, é o projecto em desenvolvimento de uma casa rotativa, capaz de rodar 360º, procurando o máximo de eficiência energética solar numa perspectiva de auto-sustentabilidade. A complexidade deste projecto e, de certo modo, a sua componente inovadora, avança no sentido de se afastar de generalizações simplistas (como assumir a dicotomia entre Verão e Inverno ou entre Norte e Sul) para aprofundar soluções específicas, derivadas da rotação, equacionadas numa monitorização “minuto a minuto”. Apoiando-se na captação e combinação de dois recursos energéticos limpos (sol e o vento) com as mais recentes tecnologias informáticas a Casa Girassol propõe também oferecer, do ponto de vista arquitectónico, uma relação dinâmica com a paisagem. O sentido do projecto, que venceu a primeira edição do Prémio Sim Samsung 2011, é desenvolver uma tecnologia verde capaz de se tornar um sistema/produto com a capacidade de se adaptar a diversas tipologias arquitectónicas. Inspirados por um projecto italiano de 1925-1935 (de Angelo Invernizzi) a Casa Girasol que hoje propomos não será um produto final mas uma tecnologia que esperamos aberta e adaptável, consequente e estimuladora de um exercício multidisciplinar que implicará a colaboração de empresas e instituições públicas na associação de especialistas de diferentes áreas.
Sendo uma tendência marcada a vertente eco-friendly da arquitectura, como vêem que esta casa utópica pode mudar a realidade atual?
A Casa Girassol só é utópica porque ainda não foi construída porque a tecnologia que a torna possível já existe. A casa Girassol mudará definitivamente a relação que temos com o sol quando estamos dentro de uma casa não só do ponto de vista energético como emocional ou afetivo se quiser. Basta ver algumas imagens da obra de Olafur Eliasson no Turbine Hall da Tate (The weather project_Tate Modern, London, UK, 2003) para se entender o poder do sol sobre nós.
Na criação deste projecto o que pesou mais? A parte do conceito ou a aparte da tecnologia?
A nossa equipa é multidisciplinar, para além de nós os dois que somos arquitectos a equipa compõe-se também pelo Engenheiro Filipe Bandeira e fomos também suportados pela consultadoria de José Maria Ferreira da Jofebar. Penso que cada um de nós deu um contributo na área especifica que melhor conhece. Portanto diria que nós como arquitectos estivemos mais focados em perceber como é que a casa conceptualmente responde a este desafio. O facto da casa rodar muda os parâmetros todos! A componente tecnologia foi obviamente o centro das atenções do engenheiro Filipe Bandeira; por sua vez José Maria Ferreira teve um papel fundamental na ponderação dos meios e tecnologias de produção da casa.
Sendo a arquitectura uma arte que molda o nosso estilo de vida, e criando os arquitectos as suas obras para clientes (nem que sejam imaginários), como descrevem o Lifestyle dos habitantes da Casa Girassol?
Alguem que gosta de tecnologia, conforto
Voltando um bocadinho a vocês... no dia-a-dia o que fazem para ajudar o meio ambiente?
Reciclagem básica em casa, reparar em vez de comprar novo, uso de transportes públicos ...
E claro, sendo este um blogue de Lifestyle não podíamos deixar de perguntar: quais são as principais tendências que segue no seu trabalho de arquitectura?
Nos arquitectos temos muita dificuldade em definirmo-nos por tendências, porque a história da arquitetura nunca nos foi ensinada desse modo; mas podemos dizer que somos definitivamente pós-modernos
E agora a pergunta da praxe... o que é para vocês LifeStyle?
Depois disto só nos dá opção de responder que LifeStyle é a Casa Girassol!
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