CASA PIRES E A SUBTILEZA DO GESTO ARQUITETÓNICO


A Casa Pires, o nosso destaque de arquitetura de hoje, está construído no final dos anos 40, o Bairro de Casas Económicas Marechal Gomes da Costa mantém boa parte da sua identidade urbanística e arquitetónica.

Uma malha ortogonal de moradias de pequena dimensão, arruamentos e passeios de perfil largo, entrecruzados por travessas secundárias. O tempo trouxe-lhe uma segunda natureza: situado numa das zonas mais caras da cidade do Porto, este foi assimilado pelo tecido social dominante e boa parte das habitações foram renovadas para atender a novas necessidades e novas exigências de conforto e do que é o habitar contemporâneo, sem prejuízo aparente da imagem original, defendida por um plano estrito de manutenção do desenho e materialidade das fachadas.




O projeto de remodelação da Casa Pires é da autoria dos arquitetos André Simão e Nuno Bessa, previu a transformação de duas moradias geminadas numa só unidade habitacional. A estratégia fundamental passou pela caracterização inequívoca do edificado existente – que preserva a identidade formal e construtiva - e pela introdução de uma linguagem contemporânea, mas serena, que identifica as novas adições arquitetónicas.



Foram acrescentados um piso em cave que se articula com o exterior através de 3 pátios, e um elevador visualmente desligado do corpo principal da moradia. A construção existente foi suspensa numa estrutura provisória para permitir a construção de um piso enterrado, demarcado formalmente da casa original pelo desenho imprevisto dos pátios de iluminação/ventilação e pelo revestimento em pedra. Já o espaço interior é dominado pelo mezanino central, que domina os dois pisos com a sua imensa parede de suporte da escada revestida a pedra e cuja guarda (de desenho art deco), se torna no elemento escultural de um destaque subtil e elegante.

Esta é uma arquitetónica interessante que combina o respeito pela pré-existência com a segurança de uma intervenção nesse mesmo património arquitetónico civil, valorizando-o e atualizando-o, sem nunca perder a simplicidade do gesto arquitetónico subtil e cuidado.









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