UM HOTEL DESENHADO POR UM GÉNIO
Foi com bastante prazer que hoje acordámos num dos hotéis mais míticos da cidade de Brasília: o Brasília Palace Hotel .
Desenhado por Oscar Niemeyer como o primeiro hotel da capital federal, este edifício tem uma arquitetura que respira modernismo, desenho, arquitetura, arte e design. Do puxador da porta ao azulejo da parede, do mobiliário das zonas sociais aos objectos históricos que estão espalhados pelo espaço do hotel (com destaque para o carro que Juscelino Kubitschek usou para vigiar as obras da sua sonhada capital federal), dos espaços exteriores aos interiores, tudo está em harmonia com este magnífico exemplar da arquitetura modernista brasileira.
Mas o melhor ainda estava para vir, quando descemos para o pequeno almoço e este é servido num lounge exterior coberto junto à piscina, com a sala dominada por uma pintura mural origina de desenho de Oscar Niemeyer.
O nosso começo de dia em Brasília, não poderia ter sido mais perfeito!
O PALÁCIO DA ALVORADA
Mesmo ao lado do nosso hotel (a apenas 10 min a pé deste) está situado o Palácio da Alvorada - residência oficial do Presidente da República Federal Brasileira. Ora foi exactamente este o nosso primeiro destino.
Caminhando por ruas de dimensões descomunais e por caminhos rodeados por uma relva impecavelmente aparada e verde, chegamos então ao delicado, elegante e discreto Palácio da Alvorada.
Surpreendemos-nos com a escala humana do edifício, que apesar de estar a uma distância considerável, não é tão impressionante quanto esperávamos. Foi aqui que começámos a perceber esta estranha cidade, mas ainda não a percebemos bem.
Com esta sensação de estarmos numa cidade diferente de tudo o que já visitámos até ao momento, apanhamos um táxi e dirigimo-nos para o centro monumental da cidade.
A PRAÇA DOS TRÊS PODERES
Após uma viagem de pouco mais de 20 minutos pelo meio de estradas descomunalmente grandes, e com zonas verdes envolventes a perder de vista, chegamos ao centro do poder brasileiro: a Praça dos Três Poderes.
Este é o centro monumental da cidade desenhada nos idos anos 1950/60, e é aqui que o Palácio Presidencial (o poder executivo), o Congresso Nacional (o poder legislativo) e o Tribunal Federal (o poder judicial) se situam, ocupando três lados do imenso rectângulo perfeito que é a praça. Mas há um quarto lado que é ocupado por um quarto poder: a alma brasileira.
É neste quarto lado que está a gigantesca bandeira nacional e o panteão dos heróis nacionais, que vão desde o mítico herói da independência Tiradentes até ao famoso estadista e ex presidente da república Tancredo Neves.
Aqui nesta praça a poder brasileiro apresenta-se em toda a pompa, circunstância, mas também com pureza de formas e elegância.
É aqui que a genialidade de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer (os arquitetos que desenharam Brasília) se manifesta na sua forma mais perfeita, pois é a sua mestria que transforma edifícios gigantescos em construções leves e de escala muito humana.
A CAMINHADA ATÉ À CATEDRAL
Depois de maravilhados com os exímios edifícios da Praça dos Três Poderes, seguimos para a esplanada dos ministérios, e é aqui que nos damos conta da escala absolutamente mastodôntica (no bom sentido) que tem a cidade.
A caminhada demora mais de uma hora e é aqui nesta esplanada que, depois de percorridos todos os edifícios que albergam os vários ministérios do governo brasileiro, se encontram mais quatro obras primas desta cidade desenhada: o Teatro Nacional; a Biblioteca Nacional; o Museu da República; e a Catedral.
Os quatro edifícios são absolutas obras primas do mítico Oscar Niemeyer, exibindo a sua beleza sublime, nas suas obras puras e primordiais, mas contrastando bastante entre si.
São três marcos fundamentais da arquitetura modernista brasileira, e visitas fundamentais da cidade, pela sua significância arquitetónica, mas também pelo diálogo de contrastes harmoniosos que estas estruturas estabelecem entre si.
É um culminar perfeito de uma manhã de passeio, neste eixo fundamental da cidade.
O BAR BRASÍLIA
Sendo já horas de almoçar, apanhamos um taxi e rumamos ao nosso local eleito para esta refeição. Situada na Asa Sul, em plena "quadra 506" está uma das maiores instituições da vida boémia da capital federal: o Bar Brasília.
Como esta é uma cidade nova, toda ela desenhada através do sonho de um Homem (o presidente Juscelino Kubitschek) e concretizada pelo traço de dois visionários (Lúcio Costa e Oscar Niemeyer), houve que trazer para esta cidade um café que trouxesse peças da história do país. Esse café é o Bar Brasília.
No seu interior podem-se ver armários de uma farmácia do príncipio do séc. XX de São Paulo, lustres de um mítico café da cidade de Espírito Santo e painéis de azulejos de um restaurante do Rio de Janeiro, entre muitas outras relíquias. Se estes locais já desabareceram, a sua história passou a fazer parte da história de Brasília. E é neste cenário que almoçamos uns deliciosos pastéis, e uns muito gulosos doces.
O almoço é verdadeiramente delicioso e é a preparação para mais uma longa etapa de visitas que temos pela frente.
O SANTUÁRIO DE DOM BOSCO
A uma distância de pouco mais de 10 minutos a pé está outra das obras primas da arquitetura de Brasília: o mágico Santuário de Dom Bosco.
Este santuário é uma construção em betão e vidro, cuja leveza é tão incrível, quando é mágica a luz que entra pelas quatro paredes de vitrais que conformam os quatro lados do paralelipípedo que forma este espaço de culto único.
A luz que entra tem uma tonalidade azul e rosa, que transforma todo o ambiente interior num espaço celeste e de uma dimensão mística inquestionável. Quem quer que entre nesta igreja modernista não consegue ficar indiferente à obra prima de vidro e luz das paredes de vitrais.
Este é mais do que um espaço religioso, é um espaço místico e espiritual!
OS DOIS MEMORIAIS QUE ENCERRAM A ZONA MONUMENTAL
Depois de mais um passeio na Asa residencial Sul, apanhamos novamente um táxi até ao final da alameda monumental de Brasília, para visitar os dois memoriais que a encerram: o Memorial dos Povos Indígenas e o Memorial JK.
Ambos desenhados novamente pelo mestre Niemeyer, homenageiam os povos originais do Brasil, a sua cultura e o seu papel na formação de uma identidade cultural brasileira e o homem que sonhou com uma cidade que unificasse o país e transmitisse toda a sua grandiosidade.
São dois memoriais elegantes, que se juntam no extremo oposto à Praça dos três poderes, como que simbolicamente ligando o passado e o presente, a identidade e a democracia, a humanidade e o poder brasileiros.
É aqui que vivemos o perfeito pôr do sol de Brasília e testemunhamos que esta cidade, desenhada a régua e esquadro, foi um momento de utopia urbanística e arquitetónica tornada realidade!
O CENTRO CULTURAL DO BRASIL
Se há uma instituição cultural que se destaca em Brasília, é o CCBB - Centro Cultural do Banco do Brasil.
Este CCBB, localizado no extremo oposto do corpo central da cidade (muito perto do nosso hotel, onde tínhamos as malas), é um espaço onde o maior banco brasileiro cumpre um dos seus papéis de responsabilidade social: a preservação e incentivo à criação de uma cultura brasileira contemporânea.
Assim decidimos que a melhor forma de fecharmos este dia na capital federal do Brasil, é exactamente rumarmos ao local onde a arte e a identidade brasileira se fundem, confundem e potenciam. Este é um exemplo perfeito de como uma grande instituição pode e deve cumprir o seu papel social. Aqui não é só a pintura ou a escultura que têm espaço expositivo, mas também o artesanato e a fotografia, o teatro e literatura, a música e o cinema. Aqui todas as artes fazem parte de um projecto global, cujo objetivo final é a preservação de uma identidade comum num país tão diverso como o Brasil, e que deve ser preservada a sua história, mas também incentivada a sua criação contemporânea.
É uma lição de responsabilidade social a visita a este centro cultural, e é com esta última visita e já com a noite instalada que encerramos a nossa curta mas riquíssima visita à impressionante cidade de Brasília!
E CHEGÁMOS À SELVA AMAZÓNICA
Depois de comermos uma tábua de queijos e fumados e provarmos umas cervejas artesanais em Brasília, passamos pelo Palace Hotel, apanhamos as nossas malas e rumamos ao moderníssimo aeroporto de Brasília.
Se esta viagem tem como objectivo visitar os locais fundamentais deste Brasil contemporâneo de contrastes e locais inigualáveis, ora depois da maior metrópole (São Paulo), da maior zona húmida do mundo (o Pantanal), da primeira capital (Salvador), da praia mais paradisíaca (Fernando de Noronha), da cidade utópica (Brasília), falta a selva das selvas: a Amazónia. O voo que se segue é operado pela companhia LATAM e vai-nos levar ao final de perto de três horas de viagem, ao nosso próximo destino - Manaus.
Se podemos confirmar que o check in da Latam de Brasília é de longe o mais eficiente e user friendly que alguma vez já encontrámos em todas as viagens que já fizemos, também podemos deixar aqui a dica, que nesta companhia, o serviço de bordo e o espaço nos aviões são os piores que já apanhámos aqui no Brasil. O serviço de bordo é composto apenas por uma água, tudo o resto é pago e o espaço por cada passageiro é tão redizido que as mesas para abrir não permitem que o banco da frente esteja deitado (de potra forma a mesa não tem espaço para ficar na horizontal).
Foi portanto cansados de um dia de passeio e de uma viagem verdadeiramente desconfortável que chegámos à capital do estado da Amazónia. Aqui, apesar da hora da madrugada (pois já eram quase duas horas da manhã) tínhamos um serviço de transfer verdadeiramente personalizado e eficiente. Um funcionário do hotel esperáva-nos na saída do aeroporto, conduzui-nos ao confortável SUV que nos esperava, que nos levou até à lancha rápida que nos fez chegar ao hotel. Tudo isto durou apenas uns meros 20 minutos ... e chegámos ao Amazónia Eco Lodge.
É em plena Amazónia que dormimos hoje, e que vamos passar o dia de amanhã e seguinte, vivendo a selva na sua plenitude e com a qualidade e a responsabilidade deste que é considerado o melhor hotel deste que é considerado o pulmão do mundo!
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